ENTREVISTA COM DIRETOR VAGNER DE ALMEIDA
FILME: BORBOLETAS DA VIDA
Entrevista por: Marccelus Portal
WWW.PORTAL.MARCCELUS.COM
M: Vagner você é parte dos brasileiros premiados e reconhecidos fora do país. O nosso país é ingrato para com os seus talentos? Como você vê o incentivo ao cinema dentro e fora do Brasil?
V: Ser premiado, reconhecido e ver o seu trabalho contribuindo de alguma forma para melhorar globalmente esse sistema tão cheio de pequinezes é uma honra. Um averdadeira glória…
O nossoo país é ingrato com uma série de coisas, basta abrirmos as janelas de nossas casa ou colocar o pé nas ruas, que veremos a ingratidão e a perversidade de nossa sociedade com os seus cidadãos comuns. Somos um país muito descuidado com a solidariedade. Somo empregnados em dar esmolas, mas cuspimos nos que nos estendem as mãos para as esmolas que damos.
Qto ao que faço ou me proponho socialmente a realizar tenho conseguido muitas coisa, mas com muito esforço. Como não faço documentarios para me auto-promover, mas sim denúnciar uma série de impunidades, as quais perduram por anos em nossa sociedade egoísta. Neste ponto de vista eu me sinto excluído de uma série de possibilidades comerciais. Mas um dia eu chego lá…
Os incentivos estão ai, mas muito centralizados, sempre nas mãos dos mesmos, sempre abocanhado pela mafia cinematográfica, pelo famosos e ilustres. Isto é no exterior; é aqui no Brasil e não há como transpor essas paredes criadas pelo monópolio dos sempre patrocinados. Isto não quer desmerecer que o cinema brasileiro deu um avanço formidável em qualidade, tanto técnico como comercial. Mas ainda não conseguimos superar ou nos igualar a países como a Índia que produz mais de 800 filmes por ano, isto significando que eles produzem mais de 2 filmes e por dia.
M: Na sua categoria de expressão cinematográfica – na parte de documentários - existem oportunidades de maior divulgação no exterior?
V: As pessoas têm uma idéía muito errada do exterior como sendo o eixo do mundo ou um paraíso. Tudo do exterior é melhor para a maioria das pessoas. Não importa que você pronúncie o nome da Bósnia ou de Serra Leão como sendo os piores lugares do mundo, ainda vamos escutar que lá é melhor do que o Brasil. As pessoas no nosso país têm essa idéia de um arco-iris estranjeiro, todos lugares que você imigrar sera um Colorado. Tudo é muito relativo, pois foi no exterior que recebi o meu primeiro prêmio internacional, mas também tenho me organizado no Brasil para que o meu trabalho seja reconhecido ai.
No exterior eu me deparo tanto con feras imensas como com mínimas. Tudo é uma competição, um estende chapéu, um puxa saquismos, um tira tapete dos pés dos outros. O que eu faço é tentar me apartar dessa passarela de vaidades e divulger os meus documentarios como um protesto, um alerta, um grito sobre todas as tragédias e impunidades que imperam no Brasil, aqui embaixo do Equador, país que não tem pecado e que Deus é brasileiro… Meus filmes sempre saiem bem nos festivais tanto ai no Brasil como no exterior. Isto me faz muito feliz. Para um filme que não é comercializado como “Borboletas da Vida”. Este foi um exemplo de sucesso para nós com centenas de apresentações, críticas de altíssimas qualidades e um público misto formidável… Todas as apresentações aonde tive a oportunidade de estar houve debates e tópicos relevantes, enriquecedores, os quais foram pontuados em cada apresentação.
A última apresentação das Borboletas no MIX BRASIL no Rio de Janeiro fomos aplaudidos de pé… em Nova Iorque fomos aplaudidos de pé dai para frente o filme criou pé e saiu andando sozinho. Amigos dizem que as Borboletas não criaram asas, mas sim pernas… eu acho isto ótimo.
Isto foi um presente que o exterior me deu, pois apóis o meu filme ser preminado no New York Brazilian Film Festival ele surge na mídia, ficou carimbado na internet e vários sites importantíssimos… uma vitória... mas nada disso nào teria aocntecido se eu nào tivesse ao meu lado o time que tenho no Brasil, o apoio que recebo e todas as glories, os louros eu dividos com os meus técnicos, entidades e pessoas que direta ou indiretamente estiveram lá no pecurso da criação de todo processo do filme.
Só no Google há mais de 360 referências sobre o meu filme e isto é o máximo para um peixe pequeno como eu dentro desse mar de tubarões, isto é divino.
M: Fala um pouco da tua formação acadêmica, como nasceu a tua vontade de filmar e porque esse especial interesse num documentário realista e quase denúncia?
V: Começo em Estudos Sociais na UCP – Petrópolis e fujo para teatro, fundando um grupo nos anos 70 de protesto e consequemente levando muita porrada de policia, preso com o grupo, tendo teatro invadido e fechado… enfim um longa história como de tantos outros brasileiros que viveram os anos de ferro da nossa estimada patria mãe gentil. Do teatro para filmes não foi uma passagem em degradê, pois sabemos que filme sempre foi uma coisa cara e de alcance quase útopico para muitos de nós. Mas começando a trabalhar na ABIA com o Projeto HSH, recém chegado da Universidade de Berkeley na California, estudado análise de imagens para filmes, amando fotografia e sempre escrevendo scripts para teatro, não estava muito longe de ganhar uma camera VHS do meu parceiro e começar a filmar os amigos e suas verdades e mentiras. Como tudo na minha vida é um processo de construção o cinema também tem sido o mesmo. Não acredito no imediatismo, no tem que ser quero agora, algo muito típico dos brasileiros, mesmo antes do mundo ficar tão globalizado, já eramos imediatistas mesmo antes dessa mundança global, com fax, computadores, internet e celulares…
Sempre trabalhei com denúncias. O meu segmento no teatro sempre foi o Teatro Expressionista, nos meus documentaries não fujo muito dessa realidade que construi para as minhas obras. Há a necessidade constante de denúnciar ou nos perdemos dentro de nossas próprias vidas.
M: Você acredita no poder transformador da arte?
V: Certamente! Sem a arte o mundo não existiria. Através dessa benção que é a arte o mundo estaria muito pior… estariamos muito acelerados para as coisas ruins… Atráves da artes cinematográfica eu posso filmar, editar, montar o meu mosaíco de fotos e tomadas de cenas e criar uma arte e dali divulga-la no mundo, ajudar as pessoas a repensarem sobre outras vidas de pessoas sem privilegios, sem amanhã… a arte me conduz, me ilumina, me transforma de forma extremamenete positive e certamente transforma a vida do mundo para melhor.
M: Cultura e qualidade de vida caminham juntas?
Deveriam, pois a cultura nasce para todos, mas nem sempre a cultura é um fator transformador de qualidade de vida. Nem todos em nosso país e em muitas partes do mundo tem acesso a cultura, não sabem ler ou escrever, não conseguem colocar pão na mesa... Muitos intelectuais acham a arte da fome uma arte. Infelizmente essas duas artes de vida não são paralelas, mas deveriam. Observo atentamente a populaçào que trabalho na Baixada Fluminense e vejo que aonde há pobreza a qualidade de vida nào acompanha as diversidades da cultura.
M: Atrás de um grande homem, outro monumental.
V: “Eu diria paralelo a um grande homem, há sempre um outro grande ser!” - Mas a vida é cruel e nem sempre é assim.
Observei na vida muitas pessoas fabulosas ao lado de imensos montes de lixo… mas isto é a complexicidade desse mundo em que moramos. Chamo o mundo de moradia alugada, pois podemos ser despejados a qualquer momento… assim também são com os relacionamentos.
M: Como você explica este teu “casamento/parceria” de décadas com o escritor atrópologo, cientista social Richard Parker. É possível a felicidade entre dois homens – dividir a cama, os problemas e administrar sentimentos como ciúmes, amor, dor e paixão – é fácil numa relação a dois?
V: Nossa parceria dura mais de 24 anos e isto é uma ARTE de VIDA. Não é fácil estar do lado de uma celebridade, acompanhar todo o trajeto de vida, carreira, momentos não muito fáceis e outros explendorosos, viagens… uma orquestra a ser conduzida com muito cuidado ou o conteúdo do relacionamento estraga.
Felicidade é uma coisa construída, edificada dia a dia ou sendo mais preciso hora a hora, minuto a minuto e até nos intervalos de felicidade há os momentos de enfrentamentos, diálogos, edificação de personalidades, aceitar e rejeitar, acreditar sempre que os problemas possam ser resolvidos democraticamente e com infinitos ingredientes positivos. É claro que dois homens, duas mulheres, dos seres humanos podem ser felizes… Como falei é uma orquestra e só devemos ter a sabedoria de conduzi-la corretamente.
Dividir a cama é a coisa mais fácil! Que todo relacionamento fosse só dividir a cama…caso fosse só isto o mundo não estaria com tantas camas vázias… a coisa importante no relacionamento é levantar depois da cama e continuar anos e dias que se seguem em suas vidas. Ai sim você prova e conduz o seu relacionamento…
Lembro-me sempre de um desenho de um casalzinho nú nos jornais que dizia “Amar é”… tão simples, mas tão difícil de ser adotado no seu relacionamento…
Ciúmes eu tenho muito! Amo ter ciúmes controlados, eficazes, moderados, transformadores da monotonia… Um sofrimentozinho básico faz parte da rotina do amor. Não consegeria viver sem esse floral do ciúme positivo.
Amor pelo meu parceiro é do tamanho do mundo ou diria maior ainda, pois o que sinto pelo meu homem é algo inesgotável.
Paixão é uma delícia, mas é cruel, machuca, esfola e faz muitos relacionamentos acabarem, pois as pessoas confudem paixào com obsessão, posse, domínio e isto sào ingredients que azedam o paladar de qualquer receita perfeita. A paixão é coisa de primeiras semanas de namoro e os últimos dias de romances nào correspondidos por uma das partes. Falta na paixão o equilíbrio.
M: Como é o Vagner de Almeida no dia à dia. Como é um dia de rotina de um brazuca em Nova York? Você tem planos de voltar a viver no Brasil?
V: Eu não me sinto um BRAZUCA, sou um homem do mundo, um mundano como falava a minha mãe em vida, mas de forma agradável de se ouvir.
Tenho a minha casa aqui em NY e outra no Rio… Vivo trabalhando nos dois continentes e as minhas identidades com o Brasil e os USA são semelhantes. Sempre digo aos amigos que “o meu país é aquele que me trata bem, me respeita e me dá oportunidade como ser humano”, por isso me acho um pequeno património mundial. Caso tenham que morrer no Nepal e feliz, lá será a minha pátria e as minhas cinzas serão espalhadas ao mundo dali mesmo.
Não posso nunca falar mal dos USA, pois os enfrentamentos que passo aqui, tais quais ou piores passo no Brasil. Fico muito sentido quando escutos as pessoas falarem mau dos americanos, generalizando a sociedade. “Tanto aqui qto ai porcaria também há”. Tenho amigos maravilhosos aqui e no Brasil… na verdade tenho amigos incríveis no mundo inteiro, pessoas que me admiram e eu as admiro. O que não presta nas sociedade são os seus governantes, os seres do poder. Esses sim não prestam em lugar nenhum da terra.
M: Talvez a face mais cruel e desumana de tratamento para com os Gays seja a velhice. Numa realidade capitalista, imediata e superficial na qual estão inseridos os homossexuais – ficar velho pode ser em vida um injusto atestado de óbto, já que vitmas de estigmas e da segregação, muitas destas pessoas se tornam infelizes. Você concorda com isso?
V: Não concordo! Pois ao concordar com isto deixaria uma série de exemplos positivos sobre a velhice de lado, engavetados... Ficar velho é um processo de vida. Todos nós ficaremos, gays ou não. A forma de como conduzimos e edificamos a nossa velhice é que fará a diferença. Ouço muitas pessoas que estào sozinhas, abandonadas, sem família, sem amigos escomungarem a vida. Eu acredito na família pretendida, criada no decorrer de nossa passagem por aqui na terra. Temos que aprender a sermos menos auto-centrados, nos isolarmos por acharmos que somos superiores, esnobar em jovem o menos favorecido. Trabalho com várias pessoas idosas e as vejos em ângulos diferentes. Há parcerias de mais de 40 anos gays, 50 anos heteros e etc. Qdo observamos a era capitalista, o individualismo acelerado, o egoísmo acentuado, ai sim percebo que a velhicde é muito triste, principalemnte se nada foi construído de forma positiva para que qdo chegarmos nela, possamos sabiamente enfrenta-la e deixar nos levar com serenidade. Não tenho medo da velhice, da argamassa descer, mas a alma elevar-se em planos superiors.
A infelicidade, atestados de óbtos sào coisas espalhadas dentro de todos os segmentos da vida.
Eu espero morrer um velhinho acesso, eletrico, vivo, rindo e observando as coisas boas da vida… quero, necessito e desenvolvo no presente aos 48 anos uma identidade zen para mim e com o meu parceiro.
Sem julgar, mas expondo as minhas idéias sobre esse tópico observo que com um pouco de esforço de todas as gerações, inclusive dos idosos as coisas poderiam caminhar de uma outra forma.
Devemos desconstruir e criar uma nova idéia de que ser velho e gay não é um caminho para a morte solitária. No dia em que a nossa sociedade global observar que para cada problema há várias soluções, ninguém mais morrerá no abandono e na solidão, que tantos nos dias de hoje vivem.
M: Como estão acontecendo as tomadas com Gays da terceira idade para o seu próximo trabalho? Já tem um título definido? Porque você escolheu este tema?
V: Serei daqui alguns anos uma pessoa de terceira idade e quero agora aprender com eles como enfrentar todos os dias dos dias de nossas velhices. Pois a velhice não deve ser generalizada como fim de carreira de vida, mas sim uma edificação de aprendizados e sabedoria. Devemos sim é festejar sempre que for possível a nossa trajetória a velhice.
Há muito observo, convivo com todos os tipos de idosos. Moro no Leme, no Rio de Janeiro e Copacabana é um reduto de teceira idade de todos os gêneros e estilos. Quando nas minhas caminhadas matinais observo uma série de idosos fazendo as suas caminhadas. Alguns ativos e sozinhos, capazes de se movimentarem sós e outros em suas cadeiras de roda e guiados por sus familiars e infermeiros. Percebi que do outro lado da cidade em setores menos privilegiados, haviam, existem outros idosos carentes. Foi dai que surgiu a idéia de fazer um link com o que eu faço. Nosso projeto na ABIA – Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS com jovens HSH, deu-me um senso de passagem de vida e o que esses jovens serão daqui há 50 anos, 60 anos e eu nem mais aqui estarei. Ouvindo participantes das oficinas referindo-se aos Cacuras ( gays idosos), percebi que algo necessitava ser feito e comecie a colhetar ideías, fotografias, entrevistas e oficinas com idosos gays… os resultados começam a brotar e isto esta me dando muita satisfação em poder mais uma vez contribuir de uma forma muito objetiva com esse segmento da comunidade gay, não muitas das vezes assistidas.
O filme não tem título ainda, pois agora o que menos importa é o título, mas já tem forma o que é mais importante. Com a ajuda de Deus espero estreiar esse ano uns 4 documentários, incluído esse da terceira idade gay. Qualquer contribuição sera extremamete bem vinda, qualquer história de vida, fotos etc serão extremamente fundamentais para a realização desse projeto.
M: Vagner de Almeida é hoje uma referência internacional. O seu documentário “Borboletas da Vida” realizado em 2005, ganhou o primeiro lugar no New York Brazilian Filme Festival, foi um sucesso de crítica e de público e agora roda o mundo integrando outras jornadas e festivais. È muita responsabilidade? Fala um pouco pra gente deste trabalho .
V: Ser referência internacional é uma consequência do meu trabalho que venho realizando com a população homosexual desde o ínicio dos anos 80 com o surgimneto da AIDS.
“Borboletas da Vida”, realmente me projetou e está projetando em setores até então ainda não fixado com o meu trabalho. O prêmio no NYBFF, foi um marco e uma porta para ir em frente com o filme e com a carreira. Agradeço imensamente a oportunidade que as forças do bem me deram em ser premiado. Hoje viajo o mundo inteiro, o filme está competindo em diferentes festivais de diversidade sexual. Sou convidado pelas maiores univesidade dos USA e do Brasil para apresentar o filme seguido de debates, seminários e congressos. Isto é uma dádiva, um presente dos seres elevados que me protegem sempre. Tenho uma responsabilidade imensa com a minha instituição no Brasil, a ABIA, a qual tem me apoiado anos a fim para que esses tipo de projeto seja feito. É uma responsabilidade com a equipe que me acompanha estes anos todos. Tenho profundo agradecimento ao meu parceiro e diretor geral da ABIA Richard Parker, aos coordenadores gerais da ABIA, Veriano Terto Jr e Cristina Pimenta e aos meus assistentes de projeto e de filme Josias Freitas e Fábio de Sá. Só no ano passado o filme foi exibido em mais de 600 lugares, isto significando que houve quase duas aprentações por dia desse filme não comercial. Mais de 600 cópias foram distribuidas no Brasil inteiro gratuitamente para fundações e ONGs que trabalham com a diversidade sexual, inclusive há uma cópia, creio que disponível ao público ai no GGB.
Este anos estamos inscritos nos festivais de Miami e Toronto. Uma maratona de atividades incrível.
M: Estamos anciosos para saber do seu novo trabalho “Basta Um Dia”. À quantas anda as tomadas – cenas no Brasil e nos EUA ? Porque este título? E mais ainda, ao resolver fazer um documentário denúncia da gritante matança e da impunidade que ronda os crimes contra travestis, você pretende de alguma forma tornar público e cobrar justiça contra tal crueldade? Como é transitar no universo dos travestis?
V: Este filme é um outro marco na minha vida de ativista, artista, transformador e formador de opinião.
“Basta um Dia” é realmnete uma cobraça silenciosa, aqual espero que saia em gritos depois de lançado e que a impunidade de nossa sociedade seja revistada pelos orgãos competentes. O título é simplesmente o que tenho observado nas vidas desses atores sociais, as travestis. Para elas o dia seguinte é algo muito distante, pois vivem, como muitas mencionam hora a hora e não esperam nada do futuro. Qdo observamos os assassinatos de tantas meninas fabulosas e que até hoje nada foi feito para solucionar esses crimes de ódio surge uma imensa revolta. Transitar com essa comunidade é simples, rica e renovadora, basta nos intergrarmos e adiconar o respeito, o carinho e nos permitir entender e nos fazer enterder em ambos os universos. Nunca tive nenhum problema com nenhuma comunidade, pelo contrário sou sempre extremamente bem aceito aonde chego. “Basta 1 Dia” é um segmento de tantas impunidades reinates na Baixada Fluminense do Rio de Janiero.
Muitas pessoas me perguntam o por que de focalizar só um local específico em meus filmes? Um local determinado como se eu estivesse generalizando o mundo ou o Brasil? Minha resposta é muito simples. Não tenho pernas e braços para abranger o mundo todo. Então aqui, aonde eu tenho possibilidades de me organizar para dar o meu grito social e que este cantinho sirva de incentivo para que outras pessoas no Brasil ou no mundo comecem a refletir e agir para que tantas impunidades sejam castradas e os criminososo sejam banidos da sociedade livre.
Qdo “Borboletas da Vida” foi selecionada para o programa da Rede TV em Direitos de Resposta em Janeiro de 2006. Foi neste momento em rede nacional que percebi que o meu filme estava fazendo a sua parte social no mundo. Estivemos no ar mais de 85% do tempo exemplificando as idéias dos debatedores convidados pelo programa. Foi um marco para o filme e para o nosso Projeto Juventude e Diversidade Sexual da ABIA.
M: Técnicamente falando como é o teu trabalho?
Simples, muito simples, pois através de simplicidade eu monto os meus mosaícos. Trabalho tudo em digital e uso a criatividade. Há um fato muito interessante na minha vida para ser relatado:
“Um cineatas na noite da entrega dos prêmios no NYBFF, no intervalo disse-me que havia visto o meu filme e que observou que eu usei uma camera muito pobre para realiza-lo. Achei ofensivo, mas como não era hora parar discutir técnologia naquele exato momento, eu simplesmente agradeci a ele por ter assistido o filme e me retirei para o salão de premiações. Horas mais tarde meu filme é anunciado como melhor documentário de 2005. Um surpresa para mim, pois não esperava por tal premiação em meio de tantos outros filmes. Mas as Borboletas mereceram e foi premiado pela crítica e público.
Na recepção o cineatas estava confuso e completamete desorientado e falando publicamente mau de todos os filmes premiados, inclusive o meu. Calmamente em meio de tantos outros premiados e não, eu pedi a palavra e lhe disse… “em filme uma das coisas que mais conta para o gosto do público e da crítica é a criatividada, é o diferente, o novo. O meu filme não tinha uma camera boa, segundo você, mas tinha criatividade e foi premiado. O seu não foi com uma técnologia mais avançada!”
M: Como você gosta de colocar as imagens? Ângulos, edição, trilha sonora, luz....e pesquisa, há algum roteiro na sua mesa já sendo pensado para um próximo trabalho? É cara esta arte dos documentários? Você tem patrocínio?
V: As imagens são colocadas de forma que faça link com a história e não se perca no meio com a minha criatividade descontroalda, pois é o que mais se vê nos dias hoje. As imagens para mim, na minha linha de filme-documentário, a camera não se move muito, fica ali imparcial perante os atores sociais. Vário o máximo os ângulos, até mesmo para não cansar o público e recheio o filme com metáforas em fotografias. Trabalho sempre me equipe, sou um cidadão diplomata e democratico. A minha equipe tem que dar a primeira opinião sobre o primeiro copião, depois parto para alguns amigos inteligentes, pois nem todos são, mas não deixam de ser meus amigos e finalmente para uma sessão de críticos variados, partindo desde o porteiro da minha portaria do prédio até acadêmicos renomados. Acho fundamental essa reciclagem de opiniões. Tenho sempre uma sessão especial para todos os envolvidos no filme e só termino a edição final qdo todos estão de acordo com as suas imagens e depoimentos dados no filme. Por se tratar de tópicos de altissimo risco na maioria das vezes, não posso deixar as pessoas que voluntariamente trabalharam no filme expostas. Depois do ok delas parto para a finalização da última edição… Ai vem a parte técnica da arrumaçào dos defeitos equalizaçào, tradução, legendas, trilha Sonora … sou muto feliz nas montagens dos filmes, pois cada dia que passa eu aprendo muito mais com a opinião das pessoas e o trabalho fica mais enriquecido. Toda a parte técnica é desenvolvida por mim e pelos rapazes do projeto Juventude e Diversidade Sexual da ABIA. Os treinei em oficinas para que pudesem desenvolver seus próprios filmes.
Em “Ritos e Ditos de Jovens Gays” todos os participantes eram das oficinas. Filme o qual antecedeu as Borboletas.
Ainda continua sendo lago caro de ser feito bem, pois mesmo na era de tanta digitalização, caso você não termine bem o filme fica ordinário, com uma finalizaçào pobre.
Tenho dezenas de scripts na minha mesa de trabalho e todos enfileirados esperando inicia-los, assim que termine um produção começo outra. Não deixo nada pela metade. Acredito que corta a minha edificação espiritual.
M: Tem gente acha documentários “escessivamente didáticos e meio sem graça”, como você defende esta produção?
V: Tudo é como se faz ou a ideía que os idealizadores ou patrocinadores propõem. Tenho visto documentarios fascinates e nada didático. Oque na maioria das vezes circulam pelas ONGs são filmes erradamente feitos com intuítos didáticos… Um coisa monocódia, imagens pobres e idéias ralas. Tudo é possível ser transformador de opinião, arte delicada e bem intecionada. Se olharmos o número de videos mau acabados, produções ordinarias as prateleiras estào repletas deles.
O brasileiro ainda nào está habituado com documentarios, mas uma nova geração está surgindo e os próprios clips musicais de certa forma são documnetários e estão formando públicos. A televisão começa investir em docs, mas ainda com uma linguagem de telenovela ou seriado de tv.
Eu não defendo a minha produção, eu faço, eu continuo aprendendo a modificar as minhas falhas anteriores nos novos filmes. Digo modificar, pois no proxímo outras falhas surgirão também.
M: Quem na sua opinião faz um cinema legal hoje em dia? Fotógrafos, videomackers e diretores, quais os seus prediletos?
V: São tantos… há pessoas tão lindas fazendo coisas maravilhosas e estão no back stage do mercado. E outros como Walter Salles Jr, Nelson Pereira dos Santos, Antonio Calmon, Arnaldo Jabor, Bruno Barreto, Tizuka Yamasaki, Ang Lee e tantos outros estào ai produzindo filmes fabulosos…
Meu fotografo predileito é o Sebastião Salgado… ele é maravilhoso e eu encontro no trabalho dele a minha alma de fotografo… ele é o meu guru da fotografia…
Tenho uma galleria de fotografias que contém nos diasheoje cerca de 20 mil fotos. Todas catalogadas e datadas… A fotografia sempre foi uma arte que desenvolvi desde a idade dos 11 anos… Todos os meus filmes elas estão lá assinando fatos e registrando momentos.
M: No rol de grandes interesses da comunidade Gay há a adoção , a “parceria civil registrada – casamento gay”, direitos previdenciários, de herança e de manifestação pública do afeto; Você é a favor da visibilidade Gay.
V: Somos a favor da adoção, pois há tantas crianças necessitando de casas e pais para ama-los e dar um direção a eles na vida. Eu e o meu parceiro sempre endossamos a adoção por gays.
Parceria civil é importantíssima, pois o casal estabelizado gay é muito vulnerável perante as leis brasileiras. Somos alvos das maiores injustiças socias. O Brasil ainda contínua com as suas leis muito retrogadas mediante ao fato de que o gay brasileiro é um cidadão que só possui obrigações e raras oportunidades seu favor. Pagamos impostos de renda separados, contínuamos ainda na luta dos planos de saúde em conjuto, não somos reconhecidos como cidadãos plenos. As bancadas religiosas fazendo lobby contra a expressão de amor e carinho que dois seres humanos possam ter um pelo outro/a.
Afeto é de natureza do ser humano e não demonstra-la é castrar os seus sentimentos e liberdade de expressão. Eu sou um cidadão que o afeto aflora em meus poros e jamais me proíbo de mostra-los em público.
Evidentemente que sou a favor da visibiliddade , mas mesmo que não fosse, nós estamos ai cada dia mais infiltrando a nossa visibilidade no cotidiano brasileiro e do globo. Visibilidade não corresponde só aos beijos públicos em shoppings ou nas calçadas de bairros elegantes das grandes mecas metropolitanas. Visibilidade está além de manifestações carnavalescas ou “tanto barulho por nada”. Eqto houver as separações de classes, as facções dentro do próprio movimento gay, haverá um imensa resistência das forças contrárias a liberdade e igualdade da comunidade gay.
M: O que acha das Paradas do Orgulho Gay que estão tomando conta do Brasil, sendo a de São Paulo com 2,5 milhões de pessoas, a maior do mundo em 2005?
V: Ainda fico muito impactado com tanto carnaval, haves e festarias rodeando esse evento. Assusta-me ver uma multidão de pessoas sem um ideal de mudança. Observo uma movimentação, um remexido e não um movimento. Vejo uma série de paradas realizadas em bairros nobres das cidades e trazendo mais uma vez a mesmice de sempre. A mídia corre para o zoologico da parada e estampa as fantasiadas nas primeiras páginas de jornais importantes do país. E o sinônimo da parada é aquilo, como se naquela multidão não existissem pessoas, grupos, entidades lutando os 365 dias do ano para uma vida melhor para os gays. Esses grupos silênciosos, formiguinhas braçais ficam desaparecidas entre tanto glitter, músculos, seios, bundas, sungas, paêtes, plumas, apesar disto tudo fazer parte do pacote da manifestação. Porém não é o verdadeiro espírito da Parada. É uma pena ver essas paradas monopolizadas por alguns e com o comércio cor de rosa impregnado nas paradas. Há quem diga que nada se faz sem dinheiro ou patrocínio, concordo plenamente, mas qdo as pessoas tornam as paradas suas verdadeiras passarelas de vaidades, então o sentido de manifesto é desconstruído. A parada é importante, há muitas pessoas em cada cidade desse nosso país ainda acreditando em mudanças. Porém dentro até do próprio movimento das paradas há a máfia, pessoas que se instalam para de forma direta ou indireta criarem barreiras e dificultar a inserção de todos como uma célula única.
Esper ver 5 milhões de pessoas na proxíma parade de S.P, mas isto parar mim não significa muito, pois sei que em nosos país esse número poderia ser o dobro se fossemos mais concientes que só haverá grandes mudanças mediante o esforço de todos.
M: Qual o recado do Vagner Almeida para os nossos internautas e deixa ai os contatos para quem desejar conhecer ainda mais os seus trabalhos.
V: Devemos sempre lembrar que juntos podemos fazer uma grande diferença no sistema. Acredito em união, parceria, comunidade, sejam elas brancas ou negras, pobres ou ricas, simplesmente necessitam ser fortes, indestrutíveis… Creio que todos os dias que acordo e vejo que tenho mais um dia de vida pela frente sinto que a minha força pode adicionar-se a outras e fazer um imensa diferença positiva para o mundo.
Amo falar com as pessoas, conhece-las, compartilhar idéias e ideais.
FILME: BORBOLETAS DA VIDA
Entrevista por: Marccelus Portal
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M: Vagner você é parte dos brasileiros premiados e reconhecidos fora do país. O nosso país é ingrato para com os seus talentos? Como você vê o incentivo ao cinema dentro e fora do Brasil?
V: Ser premiado, reconhecido e ver o seu trabalho contribuindo de alguma forma para melhorar globalmente esse sistema tão cheio de pequinezes é uma honra. Um averdadeira glória…
O nossoo país é ingrato com uma série de coisas, basta abrirmos as janelas de nossas casa ou colocar o pé nas ruas, que veremos a ingratidão e a perversidade de nossa sociedade com os seus cidadãos comuns. Somos um país muito descuidado com a solidariedade. Somo empregnados em dar esmolas, mas cuspimos nos que nos estendem as mãos para as esmolas que damos.
Qto ao que faço ou me proponho socialmente a realizar tenho conseguido muitas coisa, mas com muito esforço. Como não faço documentarios para me auto-promover, mas sim denúnciar uma série de impunidades, as quais perduram por anos em nossa sociedade egoísta. Neste ponto de vista eu me sinto excluído de uma série de possibilidades comerciais. Mas um dia eu chego lá…
Os incentivos estão ai, mas muito centralizados, sempre nas mãos dos mesmos, sempre abocanhado pela mafia cinematográfica, pelo famosos e ilustres. Isto é no exterior; é aqui no Brasil e não há como transpor essas paredes criadas pelo monópolio dos sempre patrocinados. Isto não quer desmerecer que o cinema brasileiro deu um avanço formidável em qualidade, tanto técnico como comercial. Mas ainda não conseguimos superar ou nos igualar a países como a Índia que produz mais de 800 filmes por ano, isto significando que eles produzem mais de 2 filmes e por dia.
M: Na sua categoria de expressão cinematográfica – na parte de documentários - existem oportunidades de maior divulgação no exterior?
V: As pessoas têm uma idéía muito errada do exterior como sendo o eixo do mundo ou um paraíso. Tudo do exterior é melhor para a maioria das pessoas. Não importa que você pronúncie o nome da Bósnia ou de Serra Leão como sendo os piores lugares do mundo, ainda vamos escutar que lá é melhor do que o Brasil. As pessoas no nosso país têm essa idéia de um arco-iris estranjeiro, todos lugares que você imigrar sera um Colorado. Tudo é muito relativo, pois foi no exterior que recebi o meu primeiro prêmio internacional, mas também tenho me organizado no Brasil para que o meu trabalho seja reconhecido ai.
No exterior eu me deparo tanto con feras imensas como com mínimas. Tudo é uma competição, um estende chapéu, um puxa saquismos, um tira tapete dos pés dos outros. O que eu faço é tentar me apartar dessa passarela de vaidades e divulger os meus documentarios como um protesto, um alerta, um grito sobre todas as tragédias e impunidades que imperam no Brasil, aqui embaixo do Equador, país que não tem pecado e que Deus é brasileiro… Meus filmes sempre saiem bem nos festivais tanto ai no Brasil como no exterior. Isto me faz muito feliz. Para um filme que não é comercializado como “Borboletas da Vida”. Este foi um exemplo de sucesso para nós com centenas de apresentações, críticas de altíssimas qualidades e um público misto formidável… Todas as apresentações aonde tive a oportunidade de estar houve debates e tópicos relevantes, enriquecedores, os quais foram pontuados em cada apresentação.
A última apresentação das Borboletas no MIX BRASIL no Rio de Janeiro fomos aplaudidos de pé… em Nova Iorque fomos aplaudidos de pé dai para frente o filme criou pé e saiu andando sozinho. Amigos dizem que as Borboletas não criaram asas, mas sim pernas… eu acho isto ótimo.
Isto foi um presente que o exterior me deu, pois apóis o meu filme ser preminado no New York Brazilian Film Festival ele surge na mídia, ficou carimbado na internet e vários sites importantíssimos… uma vitória... mas nada disso nào teria aocntecido se eu nào tivesse ao meu lado o time que tenho no Brasil, o apoio que recebo e todas as glories, os louros eu dividos com os meus técnicos, entidades e pessoas que direta ou indiretamente estiveram lá no pecurso da criação de todo processo do filme.
Só no Google há mais de 360 referências sobre o meu filme e isto é o máximo para um peixe pequeno como eu dentro desse mar de tubarões, isto é divino.
M: Fala um pouco da tua formação acadêmica, como nasceu a tua vontade de filmar e porque esse especial interesse num documentário realista e quase denúncia?
V: Começo em Estudos Sociais na UCP – Petrópolis e fujo para teatro, fundando um grupo nos anos 70 de protesto e consequemente levando muita porrada de policia, preso com o grupo, tendo teatro invadido e fechado… enfim um longa história como de tantos outros brasileiros que viveram os anos de ferro da nossa estimada patria mãe gentil. Do teatro para filmes não foi uma passagem em degradê, pois sabemos que filme sempre foi uma coisa cara e de alcance quase útopico para muitos de nós. Mas começando a trabalhar na ABIA com o Projeto HSH, recém chegado da Universidade de Berkeley na California, estudado análise de imagens para filmes, amando fotografia e sempre escrevendo scripts para teatro, não estava muito longe de ganhar uma camera VHS do meu parceiro e começar a filmar os amigos e suas verdades e mentiras. Como tudo na minha vida é um processo de construção o cinema também tem sido o mesmo. Não acredito no imediatismo, no tem que ser quero agora, algo muito típico dos brasileiros, mesmo antes do mundo ficar tão globalizado, já eramos imediatistas mesmo antes dessa mundança global, com fax, computadores, internet e celulares…
Sempre trabalhei com denúncias. O meu segmento no teatro sempre foi o Teatro Expressionista, nos meus documentaries não fujo muito dessa realidade que construi para as minhas obras. Há a necessidade constante de denúnciar ou nos perdemos dentro de nossas próprias vidas.
M: Você acredita no poder transformador da arte?
V: Certamente! Sem a arte o mundo não existiria. Através dessa benção que é a arte o mundo estaria muito pior… estariamos muito acelerados para as coisas ruins… Atráves da artes cinematográfica eu posso filmar, editar, montar o meu mosaíco de fotos e tomadas de cenas e criar uma arte e dali divulga-la no mundo, ajudar as pessoas a repensarem sobre outras vidas de pessoas sem privilegios, sem amanhã… a arte me conduz, me ilumina, me transforma de forma extremamenete positive e certamente transforma a vida do mundo para melhor.
M: Cultura e qualidade de vida caminham juntas?
Deveriam, pois a cultura nasce para todos, mas nem sempre a cultura é um fator transformador de qualidade de vida. Nem todos em nosso país e em muitas partes do mundo tem acesso a cultura, não sabem ler ou escrever, não conseguem colocar pão na mesa... Muitos intelectuais acham a arte da fome uma arte. Infelizmente essas duas artes de vida não são paralelas, mas deveriam. Observo atentamente a populaçào que trabalho na Baixada Fluminense e vejo que aonde há pobreza a qualidade de vida nào acompanha as diversidades da cultura.
M: Atrás de um grande homem, outro monumental.
V: “Eu diria paralelo a um grande homem, há sempre um outro grande ser!” - Mas a vida é cruel e nem sempre é assim.
Observei na vida muitas pessoas fabulosas ao lado de imensos montes de lixo… mas isto é a complexicidade desse mundo em que moramos. Chamo o mundo de moradia alugada, pois podemos ser despejados a qualquer momento… assim também são com os relacionamentos.
M: Como você explica este teu “casamento/parceria” de décadas com o escritor atrópologo, cientista social Richard Parker. É possível a felicidade entre dois homens – dividir a cama, os problemas e administrar sentimentos como ciúmes, amor, dor e paixão – é fácil numa relação a dois?
V: Nossa parceria dura mais de 24 anos e isto é uma ARTE de VIDA. Não é fácil estar do lado de uma celebridade, acompanhar todo o trajeto de vida, carreira, momentos não muito fáceis e outros explendorosos, viagens… uma orquestra a ser conduzida com muito cuidado ou o conteúdo do relacionamento estraga.
Felicidade é uma coisa construída, edificada dia a dia ou sendo mais preciso hora a hora, minuto a minuto e até nos intervalos de felicidade há os momentos de enfrentamentos, diálogos, edificação de personalidades, aceitar e rejeitar, acreditar sempre que os problemas possam ser resolvidos democraticamente e com infinitos ingredientes positivos. É claro que dois homens, duas mulheres, dos seres humanos podem ser felizes… Como falei é uma orquestra e só devemos ter a sabedoria de conduzi-la corretamente.
Dividir a cama é a coisa mais fácil! Que todo relacionamento fosse só dividir a cama…caso fosse só isto o mundo não estaria com tantas camas vázias… a coisa importante no relacionamento é levantar depois da cama e continuar anos e dias que se seguem em suas vidas. Ai sim você prova e conduz o seu relacionamento…
Lembro-me sempre de um desenho de um casalzinho nú nos jornais que dizia “Amar é”… tão simples, mas tão difícil de ser adotado no seu relacionamento…
Ciúmes eu tenho muito! Amo ter ciúmes controlados, eficazes, moderados, transformadores da monotonia… Um sofrimentozinho básico faz parte da rotina do amor. Não consegeria viver sem esse floral do ciúme positivo.
Amor pelo meu parceiro é do tamanho do mundo ou diria maior ainda, pois o que sinto pelo meu homem é algo inesgotável.
Paixão é uma delícia, mas é cruel, machuca, esfola e faz muitos relacionamentos acabarem, pois as pessoas confudem paixào com obsessão, posse, domínio e isto sào ingredients que azedam o paladar de qualquer receita perfeita. A paixão é coisa de primeiras semanas de namoro e os últimos dias de romances nào correspondidos por uma das partes. Falta na paixão o equilíbrio.
M: Como é o Vagner de Almeida no dia à dia. Como é um dia de rotina de um brazuca em Nova York? Você tem planos de voltar a viver no Brasil?
V: Eu não me sinto um BRAZUCA, sou um homem do mundo, um mundano como falava a minha mãe em vida, mas de forma agradável de se ouvir.
Tenho a minha casa aqui em NY e outra no Rio… Vivo trabalhando nos dois continentes e as minhas identidades com o Brasil e os USA são semelhantes. Sempre digo aos amigos que “o meu país é aquele que me trata bem, me respeita e me dá oportunidade como ser humano”, por isso me acho um pequeno património mundial. Caso tenham que morrer no Nepal e feliz, lá será a minha pátria e as minhas cinzas serão espalhadas ao mundo dali mesmo.
Não posso nunca falar mal dos USA, pois os enfrentamentos que passo aqui, tais quais ou piores passo no Brasil. Fico muito sentido quando escutos as pessoas falarem mau dos americanos, generalizando a sociedade. “Tanto aqui qto ai porcaria também há”. Tenho amigos maravilhosos aqui e no Brasil… na verdade tenho amigos incríveis no mundo inteiro, pessoas que me admiram e eu as admiro. O que não presta nas sociedade são os seus governantes, os seres do poder. Esses sim não prestam em lugar nenhum da terra.
M: Talvez a face mais cruel e desumana de tratamento para com os Gays seja a velhice. Numa realidade capitalista, imediata e superficial na qual estão inseridos os homossexuais – ficar velho pode ser em vida um injusto atestado de óbto, já que vitmas de estigmas e da segregação, muitas destas pessoas se tornam infelizes. Você concorda com isso?
V: Não concordo! Pois ao concordar com isto deixaria uma série de exemplos positivos sobre a velhice de lado, engavetados... Ficar velho é um processo de vida. Todos nós ficaremos, gays ou não. A forma de como conduzimos e edificamos a nossa velhice é que fará a diferença. Ouço muitas pessoas que estào sozinhas, abandonadas, sem família, sem amigos escomungarem a vida. Eu acredito na família pretendida, criada no decorrer de nossa passagem por aqui na terra. Temos que aprender a sermos menos auto-centrados, nos isolarmos por acharmos que somos superiores, esnobar em jovem o menos favorecido. Trabalho com várias pessoas idosas e as vejos em ângulos diferentes. Há parcerias de mais de 40 anos gays, 50 anos heteros e etc. Qdo observamos a era capitalista, o individualismo acelerado, o egoísmo acentuado, ai sim percebo que a velhicde é muito triste, principalemnte se nada foi construído de forma positiva para que qdo chegarmos nela, possamos sabiamente enfrenta-la e deixar nos levar com serenidade. Não tenho medo da velhice, da argamassa descer, mas a alma elevar-se em planos superiors.
A infelicidade, atestados de óbtos sào coisas espalhadas dentro de todos os segmentos da vida.
Eu espero morrer um velhinho acesso, eletrico, vivo, rindo e observando as coisas boas da vida… quero, necessito e desenvolvo no presente aos 48 anos uma identidade zen para mim e com o meu parceiro.
Sem julgar, mas expondo as minhas idéias sobre esse tópico observo que com um pouco de esforço de todas as gerações, inclusive dos idosos as coisas poderiam caminhar de uma outra forma.
Devemos desconstruir e criar uma nova idéia de que ser velho e gay não é um caminho para a morte solitária. No dia em que a nossa sociedade global observar que para cada problema há várias soluções, ninguém mais morrerá no abandono e na solidão, que tantos nos dias de hoje vivem.
M: Como estão acontecendo as tomadas com Gays da terceira idade para o seu próximo trabalho? Já tem um título definido? Porque você escolheu este tema?
V: Serei daqui alguns anos uma pessoa de terceira idade e quero agora aprender com eles como enfrentar todos os dias dos dias de nossas velhices. Pois a velhice não deve ser generalizada como fim de carreira de vida, mas sim uma edificação de aprendizados e sabedoria. Devemos sim é festejar sempre que for possível a nossa trajetória a velhice.
Há muito observo, convivo com todos os tipos de idosos. Moro no Leme, no Rio de Janeiro e Copacabana é um reduto de teceira idade de todos os gêneros e estilos. Quando nas minhas caminhadas matinais observo uma série de idosos fazendo as suas caminhadas. Alguns ativos e sozinhos, capazes de se movimentarem sós e outros em suas cadeiras de roda e guiados por sus familiars e infermeiros. Percebi que do outro lado da cidade em setores menos privilegiados, haviam, existem outros idosos carentes. Foi dai que surgiu a idéia de fazer um link com o que eu faço. Nosso projeto na ABIA – Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS com jovens HSH, deu-me um senso de passagem de vida e o que esses jovens serão daqui há 50 anos, 60 anos e eu nem mais aqui estarei. Ouvindo participantes das oficinas referindo-se aos Cacuras ( gays idosos), percebi que algo necessitava ser feito e comecie a colhetar ideías, fotografias, entrevistas e oficinas com idosos gays… os resultados começam a brotar e isto esta me dando muita satisfação em poder mais uma vez contribuir de uma forma muito objetiva com esse segmento da comunidade gay, não muitas das vezes assistidas.
O filme não tem título ainda, pois agora o que menos importa é o título, mas já tem forma o que é mais importante. Com a ajuda de Deus espero estreiar esse ano uns 4 documentários, incluído esse da terceira idade gay. Qualquer contribuição sera extremamete bem vinda, qualquer história de vida, fotos etc serão extremamente fundamentais para a realização desse projeto.
M: Vagner de Almeida é hoje uma referência internacional. O seu documentário “Borboletas da Vida” realizado em 2005, ganhou o primeiro lugar no New York Brazilian Filme Festival, foi um sucesso de crítica e de público e agora roda o mundo integrando outras jornadas e festivais. È muita responsabilidade? Fala um pouco pra gente deste trabalho .
V: Ser referência internacional é uma consequência do meu trabalho que venho realizando com a população homosexual desde o ínicio dos anos 80 com o surgimneto da AIDS.
“Borboletas da Vida”, realmente me projetou e está projetando em setores até então ainda não fixado com o meu trabalho. O prêmio no NYBFF, foi um marco e uma porta para ir em frente com o filme e com a carreira. Agradeço imensamente a oportunidade que as forças do bem me deram em ser premiado. Hoje viajo o mundo inteiro, o filme está competindo em diferentes festivais de diversidade sexual. Sou convidado pelas maiores univesidade dos USA e do Brasil para apresentar o filme seguido de debates, seminários e congressos. Isto é uma dádiva, um presente dos seres elevados que me protegem sempre. Tenho uma responsabilidade imensa com a minha instituição no Brasil, a ABIA, a qual tem me apoiado anos a fim para que esses tipo de projeto seja feito. É uma responsabilidade com a equipe que me acompanha estes anos todos. Tenho profundo agradecimento ao meu parceiro e diretor geral da ABIA Richard Parker, aos coordenadores gerais da ABIA, Veriano Terto Jr e Cristina Pimenta e aos meus assistentes de projeto e de filme Josias Freitas e Fábio de Sá. Só no ano passado o filme foi exibido em mais de 600 lugares, isto significando que houve quase duas aprentações por dia desse filme não comercial. Mais de 600 cópias foram distribuidas no Brasil inteiro gratuitamente para fundações e ONGs que trabalham com a diversidade sexual, inclusive há uma cópia, creio que disponível ao público ai no GGB.
Este anos estamos inscritos nos festivais de Miami e Toronto. Uma maratona de atividades incrível.
M: Estamos anciosos para saber do seu novo trabalho “Basta Um Dia”. À quantas anda as tomadas – cenas no Brasil e nos EUA ? Porque este título? E mais ainda, ao resolver fazer um documentário denúncia da gritante matança e da impunidade que ronda os crimes contra travestis, você pretende de alguma forma tornar público e cobrar justiça contra tal crueldade? Como é transitar no universo dos travestis?
V: Este filme é um outro marco na minha vida de ativista, artista, transformador e formador de opinião.
“Basta um Dia” é realmnete uma cobraça silenciosa, aqual espero que saia em gritos depois de lançado e que a impunidade de nossa sociedade seja revistada pelos orgãos competentes. O título é simplesmente o que tenho observado nas vidas desses atores sociais, as travestis. Para elas o dia seguinte é algo muito distante, pois vivem, como muitas mencionam hora a hora e não esperam nada do futuro. Qdo observamos os assassinatos de tantas meninas fabulosas e que até hoje nada foi feito para solucionar esses crimes de ódio surge uma imensa revolta. Transitar com essa comunidade é simples, rica e renovadora, basta nos intergrarmos e adiconar o respeito, o carinho e nos permitir entender e nos fazer enterder em ambos os universos. Nunca tive nenhum problema com nenhuma comunidade, pelo contrário sou sempre extremamente bem aceito aonde chego. “Basta 1 Dia” é um segmento de tantas impunidades reinates na Baixada Fluminense do Rio de Janiero.
Muitas pessoas me perguntam o por que de focalizar só um local específico em meus filmes? Um local determinado como se eu estivesse generalizando o mundo ou o Brasil? Minha resposta é muito simples. Não tenho pernas e braços para abranger o mundo todo. Então aqui, aonde eu tenho possibilidades de me organizar para dar o meu grito social e que este cantinho sirva de incentivo para que outras pessoas no Brasil ou no mundo comecem a refletir e agir para que tantas impunidades sejam castradas e os criminososo sejam banidos da sociedade livre.
Qdo “Borboletas da Vida” foi selecionada para o programa da Rede TV em Direitos de Resposta em Janeiro de 2006. Foi neste momento em rede nacional que percebi que o meu filme estava fazendo a sua parte social no mundo. Estivemos no ar mais de 85% do tempo exemplificando as idéias dos debatedores convidados pelo programa. Foi um marco para o filme e para o nosso Projeto Juventude e Diversidade Sexual da ABIA.
M: Técnicamente falando como é o teu trabalho?
Simples, muito simples, pois através de simplicidade eu monto os meus mosaícos. Trabalho tudo em digital e uso a criatividade. Há um fato muito interessante na minha vida para ser relatado:
“Um cineatas na noite da entrega dos prêmios no NYBFF, no intervalo disse-me que havia visto o meu filme e que observou que eu usei uma camera muito pobre para realiza-lo. Achei ofensivo, mas como não era hora parar discutir técnologia naquele exato momento, eu simplesmente agradeci a ele por ter assistido o filme e me retirei para o salão de premiações. Horas mais tarde meu filme é anunciado como melhor documentário de 2005. Um surpresa para mim, pois não esperava por tal premiação em meio de tantos outros filmes. Mas as Borboletas mereceram e foi premiado pela crítica e público.
Na recepção o cineatas estava confuso e completamete desorientado e falando publicamente mau de todos os filmes premiados, inclusive o meu. Calmamente em meio de tantos outros premiados e não, eu pedi a palavra e lhe disse… “em filme uma das coisas que mais conta para o gosto do público e da crítica é a criatividada, é o diferente, o novo. O meu filme não tinha uma camera boa, segundo você, mas tinha criatividade e foi premiado. O seu não foi com uma técnologia mais avançada!”
M: Como você gosta de colocar as imagens? Ângulos, edição, trilha sonora, luz....e pesquisa, há algum roteiro na sua mesa já sendo pensado para um próximo trabalho? É cara esta arte dos documentários? Você tem patrocínio?
V: As imagens são colocadas de forma que faça link com a história e não se perca no meio com a minha criatividade descontroalda, pois é o que mais se vê nos dias hoje. As imagens para mim, na minha linha de filme-documentário, a camera não se move muito, fica ali imparcial perante os atores sociais. Vário o máximo os ângulos, até mesmo para não cansar o público e recheio o filme com metáforas em fotografias. Trabalho sempre me equipe, sou um cidadão diplomata e democratico. A minha equipe tem que dar a primeira opinião sobre o primeiro copião, depois parto para alguns amigos inteligentes, pois nem todos são, mas não deixam de ser meus amigos e finalmente para uma sessão de críticos variados, partindo desde o porteiro da minha portaria do prédio até acadêmicos renomados. Acho fundamental essa reciclagem de opiniões. Tenho sempre uma sessão especial para todos os envolvidos no filme e só termino a edição final qdo todos estão de acordo com as suas imagens e depoimentos dados no filme. Por se tratar de tópicos de altissimo risco na maioria das vezes, não posso deixar as pessoas que voluntariamente trabalharam no filme expostas. Depois do ok delas parto para a finalização da última edição… Ai vem a parte técnica da arrumaçào dos defeitos equalizaçào, tradução, legendas, trilha Sonora … sou muto feliz nas montagens dos filmes, pois cada dia que passa eu aprendo muito mais com a opinião das pessoas e o trabalho fica mais enriquecido. Toda a parte técnica é desenvolvida por mim e pelos rapazes do projeto Juventude e Diversidade Sexual da ABIA. Os treinei em oficinas para que pudesem desenvolver seus próprios filmes.
Em “Ritos e Ditos de Jovens Gays” todos os participantes eram das oficinas. Filme o qual antecedeu as Borboletas.
Ainda continua sendo lago caro de ser feito bem, pois mesmo na era de tanta digitalização, caso você não termine bem o filme fica ordinário, com uma finalizaçào pobre.
Tenho dezenas de scripts na minha mesa de trabalho e todos enfileirados esperando inicia-los, assim que termine um produção começo outra. Não deixo nada pela metade. Acredito que corta a minha edificação espiritual.
M: Tem gente acha documentários “escessivamente didáticos e meio sem graça”, como você defende esta produção?
V: Tudo é como se faz ou a ideía que os idealizadores ou patrocinadores propõem. Tenho visto documentarios fascinates e nada didático. Oque na maioria das vezes circulam pelas ONGs são filmes erradamente feitos com intuítos didáticos… Um coisa monocódia, imagens pobres e idéias ralas. Tudo é possível ser transformador de opinião, arte delicada e bem intecionada. Se olharmos o número de videos mau acabados, produções ordinarias as prateleiras estào repletas deles.
O brasileiro ainda nào está habituado com documentarios, mas uma nova geração está surgindo e os próprios clips musicais de certa forma são documnetários e estão formando públicos. A televisão começa investir em docs, mas ainda com uma linguagem de telenovela ou seriado de tv.
Eu não defendo a minha produção, eu faço, eu continuo aprendendo a modificar as minhas falhas anteriores nos novos filmes. Digo modificar, pois no proxímo outras falhas surgirão também.
M: Quem na sua opinião faz um cinema legal hoje em dia? Fotógrafos, videomackers e diretores, quais os seus prediletos?
V: São tantos… há pessoas tão lindas fazendo coisas maravilhosas e estão no back stage do mercado. E outros como Walter Salles Jr, Nelson Pereira dos Santos, Antonio Calmon, Arnaldo Jabor, Bruno Barreto, Tizuka Yamasaki, Ang Lee e tantos outros estào ai produzindo filmes fabulosos…
Meu fotografo predileito é o Sebastião Salgado… ele é maravilhoso e eu encontro no trabalho dele a minha alma de fotografo… ele é o meu guru da fotografia…
Tenho uma galleria de fotografias que contém nos diasheoje cerca de 20 mil fotos. Todas catalogadas e datadas… A fotografia sempre foi uma arte que desenvolvi desde a idade dos 11 anos… Todos os meus filmes elas estão lá assinando fatos e registrando momentos.
M: No rol de grandes interesses da comunidade Gay há a adoção , a “parceria civil registrada – casamento gay”, direitos previdenciários, de herança e de manifestação pública do afeto; Você é a favor da visibilidade Gay.
V: Somos a favor da adoção, pois há tantas crianças necessitando de casas e pais para ama-los e dar um direção a eles na vida. Eu e o meu parceiro sempre endossamos a adoção por gays.
Parceria civil é importantíssima, pois o casal estabelizado gay é muito vulnerável perante as leis brasileiras. Somos alvos das maiores injustiças socias. O Brasil ainda contínua com as suas leis muito retrogadas mediante ao fato de que o gay brasileiro é um cidadão que só possui obrigações e raras oportunidades seu favor. Pagamos impostos de renda separados, contínuamos ainda na luta dos planos de saúde em conjuto, não somos reconhecidos como cidadãos plenos. As bancadas religiosas fazendo lobby contra a expressão de amor e carinho que dois seres humanos possam ter um pelo outro/a.
Afeto é de natureza do ser humano e não demonstra-la é castrar os seus sentimentos e liberdade de expressão. Eu sou um cidadão que o afeto aflora em meus poros e jamais me proíbo de mostra-los em público.
Evidentemente que sou a favor da visibiliddade , mas mesmo que não fosse, nós estamos ai cada dia mais infiltrando a nossa visibilidade no cotidiano brasileiro e do globo. Visibilidade não corresponde só aos beijos públicos em shoppings ou nas calçadas de bairros elegantes das grandes mecas metropolitanas. Visibilidade está além de manifestações carnavalescas ou “tanto barulho por nada”. Eqto houver as separações de classes, as facções dentro do próprio movimento gay, haverá um imensa resistência das forças contrárias a liberdade e igualdade da comunidade gay.
M: O que acha das Paradas do Orgulho Gay que estão tomando conta do Brasil, sendo a de São Paulo com 2,5 milhões de pessoas, a maior do mundo em 2005?
V: Ainda fico muito impactado com tanto carnaval, haves e festarias rodeando esse evento. Assusta-me ver uma multidão de pessoas sem um ideal de mudança. Observo uma movimentação, um remexido e não um movimento. Vejo uma série de paradas realizadas em bairros nobres das cidades e trazendo mais uma vez a mesmice de sempre. A mídia corre para o zoologico da parada e estampa as fantasiadas nas primeiras páginas de jornais importantes do país. E o sinônimo da parada é aquilo, como se naquela multidão não existissem pessoas, grupos, entidades lutando os 365 dias do ano para uma vida melhor para os gays. Esses grupos silênciosos, formiguinhas braçais ficam desaparecidas entre tanto glitter, músculos, seios, bundas, sungas, paêtes, plumas, apesar disto tudo fazer parte do pacote da manifestação. Porém não é o verdadeiro espírito da Parada. É uma pena ver essas paradas monopolizadas por alguns e com o comércio cor de rosa impregnado nas paradas. Há quem diga que nada se faz sem dinheiro ou patrocínio, concordo plenamente, mas qdo as pessoas tornam as paradas suas verdadeiras passarelas de vaidades, então o sentido de manifesto é desconstruído. A parada é importante, há muitas pessoas em cada cidade desse nosso país ainda acreditando em mudanças. Porém dentro até do próprio movimento das paradas há a máfia, pessoas que se instalam para de forma direta ou indireta criarem barreiras e dificultar a inserção de todos como uma célula única.
Esper ver 5 milhões de pessoas na proxíma parade de S.P, mas isto parar mim não significa muito, pois sei que em nosos país esse número poderia ser o dobro se fossemos mais concientes que só haverá grandes mudanças mediante o esforço de todos.
M: Qual o recado do Vagner Almeida para os nossos internautas e deixa ai os contatos para quem desejar conhecer ainda mais os seus trabalhos.
V: Devemos sempre lembrar que juntos podemos fazer uma grande diferença no sistema. Acredito em união, parceria, comunidade, sejam elas brancas ou negras, pobres ou ricas, simplesmente necessitam ser fortes, indestrutíveis… Creio que todos os dias que acordo e vejo que tenho mais um dia de vida pela frente sinto que a minha força pode adicionar-se a outras e fazer um imensa diferença positiva para o mundo.
Amo falar com as pessoas, conhece-las, compartilhar idéias e ideais.
Meu contato via internet é: vagner.de.almeida@ gmail.com o mesmo usado para o Messanger
www.vagnerdealmeida.com
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